Por Prof. Raimundo Nonato Martins Junior
Tomai, comei, ISTO É o meu corpo que é dado por vós.
Com essas palavras Jesus, na última ceia da páscoa judaica que celebrara, explica para os discípulos o mistério de sua morte para a salvação da humanidade. Até aquele momento eles não tinham entendido o porquê de Jesus ter vindo ao mundo. Eles não compreendiam esse mistério, pois suas mentes estavam fechadas.
Jesus, enquanto comia com seus discípulos a ceia pascal, pega o pão, que era sem fermento, indicando pureza, e, escondido, indicando que havia um mistério a ser revelado. Jesus o descobre e o mostra aos seus discípulos. Depois dá graças usando a bênção do pão, dizendo: Bendito és Tu, Eterno, nosso Deus, pois para nós trazes da terra o pão. Até aí, nada demais, pois seus discípulos estava acostumados com o rito pascal, o qual o comemoravam todos os anos. Contudo ele acrescenta: Tomai, comei, isto é o meu corpo. Um ambiente de espanto paira e se forma no cenáculo. Os discípulos começaram a se perguntar o que significavam aquelas novas palavras.
Em seguida, depois da bênção do vinho: Bendito és Tu, nosso Deus, criador do fruto da videira; faz o mesmo com o cálice, entregando-o aos seus discípulos, disse: Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Essa sua fala explica outro mistério que eles não entenderam naquele momento.
Mas o que significa: Isto é o meu corpo; isto é o meu sangue?
Significa, literalmente, o seu corpo e o seu sangue. Significa que aquilo que ele estava entregando aos discípulos, naquele momento, era ele mesmo, sua carne (gr: soma) e seu sangue (gr: aima). Não eram mais pão e vinho. Parecia pão, parecia vinho, mas não eram. Era o próprio Cristo como alimento para a vida eterna.
Era o pão vivo que desceu do céu, nascido na casa do pão (significado do nome: Belém – heb: Bethlahem). Era o cumprimento das palavras que escandalizaram muitos dos judeus citado pelo Evangelho de São João:
Jo 6:51 – Jesus disse: Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
E ele completa:
Jo 6:53-58 - Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. Assim como o pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
Quem se alimenta de Cristo através da Eucaristia, que é o próprio Cristo como alimento, tem a garantia dada pelo próprio Cristo da vida eterna e da ressurreição por meio dele.
O corpo físico precisa de alimento para ter vida e funcionar bem. Para a vida eterna, o alimento é o próprio Cristo que se dá na Eucaristia. Só assim é possível ter verdadeira vida e esperança.
A Eucaristia é a ligação com o próprio Cristo e a garantia de permanência dessa conexão.
O mistério de seu Corpo e seu Sangue, agora revelados através da simples doação de elementos sob a aparência de pão e vinho, onde o próprio Cristo é, tanto presente quanto substância e essência, de maneira real, na Hóstia consagrada, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, pois não se pode separar o Cristo crucificado do ressuscitado, servindo-se como alimento para a vida eterna àqueles que buscam esse mistério e são alvos da misericórdia de Deus, chamados para, assim como Cristo, ser doação e alimento aos perdidos e luz do mundo por meio do evangelho.
Que toda a humanidade reconheça
CORPUS CHRISTI EST (É o Corpo de Cristo)