2008/07/04

Dom José garante que sucessor terá liberdade.

No dia em que completou 75 anos, idade-limite para comandar a Arquidiocese de Olinda e Recife, ele escreveu a carta de renúncia e participou de missa em ação de graças, na Cúria Metropolitana

O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, completou, ontem, a idade-limite para permanecer no cargo, 75 anos, e anunciou que não vai morar em nenhum convento do Recife ou na área de jurisdição da Arquidiocese (20 municípios), quando o pedido de renúncia for aceito pelo Vaticano. "Meu sucessor terá o caminho livre para seguir seu estilo", declara, ao justificar a decisão. Dom José Cardoso pertence à Ordem Carmelita e está na função há 23 anos.

Ontem mesmo ele escreveu a carta na qual renuncia à administração da Arquidiocese de Olinda e Recife, com base no artigo 401, parágrafo 1º do Código de Direito Canônico. "É uma carta muito simples, em 15 minutos fica pronta", diz. O documento é despachado pelos Correios, na mala diplomática, até a Nunciatura Apostólica, representação do Papa no Brasil, localizada no Distrito Federal. O núncio envia o pedido a Roma.

"Só perco o título quando chegar a resposta do Vaticano", esclarece dom José. Ele concedeu entrevista pela manhã, minutos antes da missa em ação de graças pela passagem dos 75 anos de vida, concelebrada na Capela de Nossa Senhora da Conceição da Cúria Metropolitana, na Várzea, Zona Oeste do Recife. A solenidade contou com a participação de 64 religiosos entre seminaristas, diáconos, padres e bispos, além de freiras e leigos.

Após o desligamento, dom José pode escolher como moradia qualquer convento da ordem, no Brasil ou no exterior. "Sou carmelita e conforme as leis da Igreja tenho esse direito. Há conventos carmelitas nos cinco continentes. Tenho colegas de estudo em Roma", afirma. O novo arcebispo, diz ele, será escolhido pelo Papa, a partir de uma lista tríplice enviada ao Vaticano pela Nunciatura Apostólica. Cabe ao núncio consultar padres e bispos para compor a lista. Nada impede que dom José seja consultado.

O religioso não quis avaliar os 23 anos de arcebispado, apenas teceu comentários. "Prefiro que os outros façam essa avaliação, mas sempre procurei cumprir o juramento que todo bispo promete no dia da sagração, que é exercer o ministério em comunhão total com o Papa e fazer cumprir as leis da Igreja, principalmente o que está no Código de Direito Canônico."

A missa em ação de graças começou às 10h55 e terminou pouco antes das 13h, com todos os religiosos vestidos de branco, a cor das celebrações festivas. Dom José dividiu o altar com o arcebispo emérito de Maceió, dom Edvaldo Amaral, o bispo emérito de Nazaré da Mata, dom Jorge Tobias, e os vigários-gerais da Arquidiocese de Olinda e Recife, monsenhor Romeu da Fonte e monsenhor Edvaldo Bezerra.

Após a celebração, com homilia feita por frei Francisco Sales, provincial da Ordem Carmelita, dom José ouviu o "parabéns a você" e ofereceu a primeira fatia do bolo ao garoto Thiago Dueire, 13, que foi batizado e fez a primeira comunhão com o arcebispo. "Foi uma surpresa", disse o menino.

Fiéis destacaram a atuação do religioso. "Participei da missa não só pelo aniversário, mas por tudo o que ele fez na Arquidiocese", declara Marli Sena, moradora da Encruzilhada, Zona Norte do Recife. "Vim agradecer a Deus por dom José ter vindo ao mundo", afirma Antônia Virgínia da Silva, que vive na Boa Vista, Centro da cidade.