2008/07/17

Multidão saúda a padroeira

NOSSA SENHORA DO CARMO // Chuva deu trégua e milhares de pessoas foram à festa

Comoção, fé, louvor e orações. Uma multidão com terço e flores nas mãos lotou o Pátio do Carmo, ontem, no final da tarde, para acompanhar a apoteose da 424ª Festa de Nossa Senhora do Carmo. A chuva deu uma trégua aos católicos da Região Metropolitana do Recife que compareceram em peso à missa campal solene conduzida pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, em frente à Basílica do Carmo. Segundo estimativas da organização, o evento superou a marca de 70 mil pessoas, somando o público presente à missa e aqueles que acompanharam a procissão nos arredores do centro do Recife. Muitos, emocionados, foram rezar o terço, seguir o cortejo e renovar os pedidos à padroeira da cidade.

Por volta das 16h, milhares de pessoas já se aglomeravam em frente ao palco instalado no Pátio do Carmo para ouvir a pregação. Na cerimônia, o arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Di Cillo Pagotto, falou sobre a importância da vida missionária e da Virgem Maria como exemplo de cristandade e amor pelo próximo. Os fiéis, atentos à liturgia, rezavam, cantavam e louvavam em respeito. Por cerca de uma hora, a praça do Carmo se transformou em um imenso altar.

Logo após as 17h, o andor de 4,5 metros de altura e 2,6 de largura saiu da igreja da Ordem Terceira do Carmo, abrindo alas para a procissão. A réplica da Igreja do Carmo de Olinda, adornada com anjos, coqueiros e a imagem de Nossa Senhora do Carmo no alto do esplendor, foi levantada por 15 homens e escoltada por soldados, militares do 16º Batalhão e policiais civis, além de freiras carmelitas, frades, irmandades, confrarias, autoridades e políticos.

Para a alegoria passar, militares e equipes de apoio abriram um cinturão de segurança no meio da multidão. Sob os últimos raios de sol, a peça cruzou o pátio sob aplausos e lágrimas dos devotos, seguida por uma aglomeração em cortejo. A procissão seguiu pelas ruas do bairro de Santo Antônio, carregando uma multidão de fiéis. A imagem da santa percorreu os principais logradouros do Centro (Praça da República, Rua do Sol, Avenida Guararapes) até retornar ao ponto de partida à noite.

Após a missa comandanda pelo arcebispo, réplica da Igreja do Carmo de Olinda e a imagem de Nossa Senhora no alto foram levadas em procissão

Emoção - Grande parte das pessoas foi à missa e à procissão para louvar e agradecer às graças alcançadas pessoalmente à Nossa Senhora. O comerciante José Carlos Fonseca, 42 anos, segurava o terço com força e tinha os olhos marejados. Ele agradecia a cura da sua irmã mais velha, que ainda está internada no hospital, mas que já está em estado de saúde estável. E renovava o pedido pela sua prima que foi diagnosticada com câncer e submetida a uma operação na última segunda-feira. "Estou com muitos problemas de saúde na família. Vim agradecer e pedir à santa n ão só pelos meus parentes, mas também por todos que necessitam de ajuda", diz o devoto, que comparece religiosamente à festa há 9 anos.

A psicóloga Maria Lúcia Lins, 56, também foi pagar promessa. Ajoelhada em frente ao andor, agradecia pela cura de uma doença grave. "Faz um ano que me curei, graças a Deus. Desde que soube da doença, há 3 anos, passei a ser uma católica mais fervorosa", conta.

No decorrer dacerimônia, o clima foi tranqüilo e sem grandes tumultos. Apesar da grande quantidade de público e do empurra-empurra no começo da procissão, não houve maiores incidentes. De acordo com policiais do 16º Batalhão, foram registradas pequenas ocorrências de algumas pessoas que desmaiaram por conta da aglomeração. Cerca de 180 policiais civis e militares fizeram a patrulha do evento. Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros e o Samu, apenas duas pessoas foram socorridas pelas ambulâncias, uma senhora com crise de hipertensão e outra mulher que sofreu convulsão e foi encaminhada ao hospital. Ontem à noite, a festa foi encerrada com a celebração profana e shows do Padre João Carlos e Frei Damião.